terça-feira, 31 de maio de 2011

A concepção de gestão escolar defendida pelo Estado do Paraná na gestão 2003-2006 e 2007-2010, através da Secretaria de Estado da Educação (SEED), será apresentada no Congresso Internacional de Pedagogia 2011, que acontecerá entre os dias 24 e 28 de janeiro em Havana, Cuba. O artigo "La participación de las organizaciones comunitarias en la democratización de la escuela pública: un análisis sobre el caso de Paraná/BR en el enfrentamento al alineamento de la educación a las políticas neoliberales", escrito pela coordenadora de Gestão Escolar da SEED, Elisane Fank, foi um dos selecionados pela organização do evento, que tem como objetivo trocar propostas e experiências que propiciam o êxito de uma educação de qualidade.

Elisane defende o papel do Estado como responsável pela implantação de políticas públicas para a educação, além de expor a participação efetiva da comunidade nas decisões da escola. "Participação da comunidade não é lixar carteira ou pintar a escola. O que defendemos é que as pessoas também tomem decisões, que cobrem uma atuação do governo, que participe de todo o processo", ressalta.

Ao produzir o artigo, a intenção de Elisane foi mostrar o enfrentamento que a SEED adotou frente às políticas neoliberais, implantadas em toda a América Latina, durante a década de 1990. "Neste sentido, o artigo apresenta a defesa de democratização da gestão, em consonância com uma concepção de educação, direcionada ao fortalecimento dos segmentos de gestão no controle social, indo para além da democracia como um dos tantos clichês utilizados por discursos de coalizão", explica.

Ela diz que durante os últimos oito anos, a principal ação foi fortalecer as instâncias colegiadas, representadas nas escolas públicas através do Conselho Escolar, Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) e Grêmio Estudantil. As instâncias colegiadas são organizadas de acordo com seu próprio estatuto e atuam para melhorar o processo de ensino e aprendizagem da escola.



Temas – O Congresso Internacional de Pedagogia 2011 reunirá profissionais de várias partes do mundo em um programa multidisciplinar. Os temas centrais do programa são compostos por subtemas que serão discutidos em simpósios e fóruns, com a orientação de professores e pesquisadores especialistas. A educação e formação de valores, formação integral, educação se jovens e adultos, alfabetização, avaliações da qualidade da educação, tecnologia da informação e comunicação (TIC) na educação estão entre os temas que serão discutidos no evento. O evento promove, ainda, visitas a instituições de ensino em Havana.

O Congresso coincide com as comemorações dos 50 anos de erradicação do analfabetismo no país e conta com o patrocínio de organismos mundiais, como a Unesco, Unicef, Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento das Populações, Associação dos Educadores Latino-americanos, entre outros.
As Associações de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) são instâncias necessárias para as escolas públicas. Não apenas por serem responsáveis por gerenciar os recursos dos programas federais e estaduais destinados às escolas, mas também porque as APMFs têm um importante papel político e pedagógico para desempenhar. “Esta é a concepção que tem sido construída desde 2003, para fortalecer a gestão democrática dentro das escolas paranaenses”, ressalta Elisane Fank, coordenadora de Gestão Escolar da Secretaria de Estado da Educação (SEED).

Para Elisane, a APMF, quando foi instituída nas escolas, tinha apenas o compromisso de angariar recursos. Normalmente, esses recursos eram destinados à compra de materiais escolares ou uniformes aos estudantes que não tinham condições financeiras. “Os caixas escolares, como eram definidos na época, tinham o papel de compensadores e assistencialistas”, afirma, ao comentar que se fazia uma compensação para a omissão do papel do Estado no provimento de políticas públicas para a população, em uma época na qual a escola pública era para poucos.

Hoje, a APMF tem uma outra dimensão, explica a coordenadora. “Politicamente, é um espaço no qual os pais participam das tomadas decisões da escola. Com ela, os pais têm a garantia da participação de seus representantes no Conselho Escolar, órgão colegiado, de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora, sobre a organização e realização do trabalho pedagógico e administrativo da escola”, explica.
A UDC cedeu as dependências do Teatro Elias Hauagge para uma reunião convocada pelo Núcleo Regional de Educação do Governo do Paraná, na última quarta-feira, dia 8. O tema central do encontro ministrado pela Professora Elisane Fank, da Coordenação de Gestão Escolar da Secretaria de Estado da Educação, foi Pedagogia e Pedagogos na Escola Pública: avanços e limites na cultura escolar e na definição do nosso papel.

Professora Elisane Fank, da Coordenação de Gestão Escolar da Secretaria de Estado da Educação
Estiveram presentes Pedagogos de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Serranópolis do Iguaçu, Itaipulândia, Missal e Matelândia.
Outro tema de destaque foi o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O ENEM é a forma que o Governo escolheu para avaliar o desempenho de seus estudantes, especialmente aqueles que estão concluindo o ensino médio. Em 2010 essa prova de abrangência nacional será realizada nos dias 6 e 7 de novembro. E pensando na importância que esse exame representa, a UDC apresentou sua mais nova ação: o Simuladão do ENEM. O Simuladão do ENEM é gratuito e será realizado no dia 25, das 12h às 17h, nos câmpus de Foz do Iguaçu e Medianeira.
Além da chance de testar seus conhecimentos, os participantes farão parte de uma programação especial, que incluirá palestras vocacionais, visitas pelos câmpus e mostra experimental em laboratórios. Além disso, quem participar poderá ganhar prêmios. São eles: 1 Notebook para a escola que enviar mais participantes, 1 Notebook para o 1º lugar, 1 Netbook para o 2º lugar e um Netbook para o 3º lugar na classificação geral, além de 20 bolsas de estudo para o curso preparatório do ENEM, que será oferecido pela UDC do dia 4 de outubro a 4 de novembro, no câmpus de Foz do Iguaçu.
A professora Elisane, que atua no ensino superior há dez anos, retomou as concepções históricas, os critérios, instrumentos e estratégias da avaliação da aprendizagem. Também debateu a necessária articulação da avaliação com os objetivos de ensino.
Ela ressalta que tal discussão está no contexto da avaliação do sistema e auxilia na compreensão sobre o papel do professor no processo de aprendizagem. A professora Elisane lembra que o foco deste processo é a aprendizagem, mas existem vários determinantes como Projeto Pedagógico Institucional (PPI), o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Projeto Pedagógico do Curso (PPC), e o Plano de Ensino do Professor, que são documentos que fundamentam uma concepção de educação. “Discutimos como esta compreensão tem impacto no acompanhamento da aprendizagem, pois não é política de resultado, mas diagnóstico da aprendizagem”, comenta.

A professora Elisane Fank retomou as concepções históricas, os critérios, instrumentos e estratégias da avaliação da aprendizagem

Gestão Escolar

DiretorGestão da aprendizagem
Edição 002 | Junho/Julho 2009

Como lidar com a rotatividade de professores

Seis sugestões para que a rotatividade não prejudique o andamento da escola e a aprendizagem dos alunos

INCLUIR NAS REUNIÕES O professor recém-chegado começará a se sentir parte da equipe se for incluído nos encontros de formaçã. oIlustrações Thiago Cruz
INCLUIR NAS REUNIÕES O professor
recém-chegado começará a se
sentir parte da equipe se for incluído
nos encontros de formação.
Ilustrações Thiago Cruz 
É uma realidade da Educação pública brasileira: o quadro docente está sempre mudando. Alguns professores ficam pouco tempo na escola porque podem pedir transferência para outra unidade e outros passam pelas salas de aula para substituir colegas que estão de licença. Mas essa rotatividade está longe de ser positiva. Quem fica apenas alguns meses com uma turma não cria vínculos com os alunos - o que compromete a aprendizagem pela falta de interação e continuidade no trabalho pedagógico - nem com a comunidade, prejudicando assim a construção da identidade escolar.

"Ao ingressar na rede, o docente ocupa a vaga que está disponível, que, em geral, é numa escola longe de casa. Com o passar do tempo, graças aos concursos de remoção, ele pode escolher uma mais perto de onde mora. É um direito que ele tem", justifica Elisane Fank, coordenadora de gestão escolar da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
O ideal, porém, seria as redes exigirem uma jornada de dedicação exclusiva. "Índices elevados de rotatividade transformam a escola num espaço sem alma, por onde circulam pessoas sem relação com a coletividade", diz Maria Helena Guimarães de Castro, professora da Universidade de Campinas, que enfrentou esse problema quando foi secretária de Educação do Estado de São Paulo (conheça algumas medidas implementadas na rede paulista no quadro da abaixo).

O contexto é complexo e difícil de mudar. Porém a escola não pode partir do zero toda vez que chega um novo membro. A seguir, algumas medidas que você, como gestor, tem condições de implementar para que o entra-e-sai de docentes não prejudique o bom andamento de sua equipe.
APRESENTAR E ACOLHER A hora do cafezinho e as reuniões de pais são bons momentos para integrar o novo docente com a equipe. Ilustrações Thiago Cruz
APRESENTAR E ACOLHER A hora do
cafezinho e as reuniões de pais são
bons momentos para integrar o novo
docente com a equipe. 
1. Apresentar e acolher O novo professor precisa ser acolhido desde o primeiro dia. Apresente-o aos colegas, aos futuros alunos e aos pais para que ele comece a se sentir membro da comunidade escolar. Analise quais espaços você pode abrir para que ele possa contar as experiências profissionais que teve anteriormente.
2. Compartilhar o projeto 
O projeto pedagógico é a cara da escola. Por isso, forneça uma cópia do documento ao novato. A EE Rio Branco, em Curitiba, propõe que os professores que chegam mergulhem no documento, leiam tudo e depois conversem com os gestores. "Com isso, eles têm uma noção de como somos e estamos estruturados e podem tirar dúvidas e dar opiniões e sugestões", afirma a diretora, Ana Claudia Michelin. Ela conta ainda com a Semana Pedagógica, que é realizada no início de cada semestre. São três dias de formação que a Secretaria Estadual da Educação promove em cada unidade da rede. "Começamos discutindo os projetos e depois trabalhamos especificamente a implementação das diretrizes curriculares estaduais para todas as disciplinas", explica Elisane Fank, da Secretaria de Educação do Paraná. "Assim, fortalecemos os princípios comuns que movem todas as escolas e procuramos minimizar o impacto da remoção do professor de uma escola para outra", explica ela.

3. Incluir na formação Chame sempre o recém-chegado para participar das reuniões de planejamento e formação. Essa é uma das maneiras de ele se aprofundar nas diretrizes do projeto pedagógico e no currículo. "Os encontros pedagógicos, nesse momento inicial, são um espaço privilegiado para a integração, e a formação continuada funciona como uma mola propulsora de inserção do novo colega", afirma Elisabete Monteiro, coordenadora pedagógica da EM Barbosa Romeu, em Salvador. Essa foi uma das estratégias usadas por ela depois que um concurso para diretor provocou a troca de 60% de sua equipe docente. Para amenizar o impacto das mudanças na aprendizagem, uma das providências foi intensificar o trabalho de formação continuada: as reuniões por segmento de ensino, antes mensais, passaram a ser semanais.
SOCIALIZAR AS PRÁTICAS Quem chega sempre tem o que ensinar e o que aprender, e quem ganha com isso é a aprendizagem. Ilustrações Thiago Cruz
SOCIALIZAR AS PRÁTICAS Quem
chega sempre tem o que ensinar
e o que aprender, e quem ganha
com isso é a aprendizagem. 
4. Socializar as práticas Dos 60 professores da EE Rio Branco, 40 são fixos e 20 são os chamados volantes (estão sempre mudando). "É sempre um desafio trabalhar com uma equipe praticamente nova todo ano", diz a diretora, Ana Claudia Michelin. "Temos nossos planejamentos e estratégias de ensino e quem chega também traz os seus. Então estimulamos a troca de informações e a análise do material. Geralmente, aparecem ideias para melhorar o que já estava traçado", afirma. O mesmo ocorre na EE Doutor Luis Arrobas Martins, em São Paulo, que atende o primeiro ciclo do Ensino Fundamental e tem 24 professores. Desse total, 17 são concursados. Os outros sete mudam ano após ano. "Estimulamos o grupo de professores mais antigos a trocar experiências com os novos", diz a diretora, Aparecida Deise de Almeida Wakim Tannous.

5. Formar pares Na organização e distribuição das turmas, procure estabelecer um trabalho de parceria entre os professores antigos e os novos. Essa estratégia foi usada na EM Barbosa Romeu e deu certo. Ao colocar um profissional mais experiente e conhecedor da proposta da escola ao lado de um novato em turmas da mesma série, ambos podem compartilhar o planejamento, os planos de aula, os projetos e as sequências didáticas – e um pode ajudar o outro quando as dúvidas e dificuldades aparecem.
FORNECER OS DOCUMENTOS Depois das boas-vindas, o novato pode conhecer os registros dos colegas para entender melhor a escola. Ilustrações Thiago Cruz
FORNECER OS DOCUMENTOS Depois
das boas-vindas, o novato pode
conhecer os registros dos colegas
para entender melhor a escola. 
6. Fornecer os documentos As escritas profissionais funcionam como um valioso instrumento. Ofereça-as para que o novo docente as consulte. Relatórios, diários, planos de aula, projetos e sequências didáticas – assim como registros do desempenho dos alunos em anos anteriores, portfólios e mapas de classe – devem fazer parte desse arsenal de pesquisa, que possibilita ao novo professor identificar o que os alunos já sabem e os mecanismos de avaliação adotados pela escola. Nesse caso, é necessário que o coordenador tenha os registros – construídos, discutidos, compartilhados e revisitados coletivamente – sempre atualizados e organizados.

Medidas paliativas 
Como secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro constatou uma rotatividade de 40% na rede estadual.

Como foi possível diminuir o problema? Em 2008, um decreto determinou que um docente só pode pedir remoção depois de ficar 200 dias numa escola, o que garante que ele permaneça pelo menos um ano letivo no mesmo lugar, o mínimo para desenvolver um trabalho efetivo. Os concursos foram regionalizados para evitar que um docente que more no norte do estado assuma uma vaga em escola da região sul e, em seguida, solicite remoção para sua cidade.

Como a rotatividade pode ser evitada? 
A única saída é implantar carreiras com regime de 40 horas e dedicação exclusiva. Professores fixos numa mesma escola têm tempo para fazer a formação em serviço, atender os alunos fora da sala de aula, desenvolver projetos pedagógicos consistentes, discutir com os pares e conhecer melhor os pais e toda a comunidade.